Não por acaso, Mato Grosso, o maior produtor de grãos do País, também figura nas primeiras posições da lista das maiores frotas de aeronaves executivas. Atualmente, são 1,2 mil aviões estacionados nos hangares ou voando pelos céus do Estado, muitos deles pertencentes a empresas do agronegócio. Embora não exista dados oficiais sobre quais são os setores que mais utilizam esses aviões, basta ver o movimento de grandes grupos locais, como a Amaggi, que conta com quatro aviões próprios. “A frota de aviões executivos de Mato Grosso fica atrás, apenas, de São Paulo e Minas Gerais”, afirma o engenheiro mecânico Milton Roberto Pereira, presidente da Inpaer, fabricante paulista de aviões experimentais, com sede em São João da Boa Vista, no interior paulista. “Não temos dúvida de que a demanda por aviões executivos também se sustenta no crescimento do agronegócio”, diz ele.

Mas não é somente o Estado de Mato Grosso que chama a atenção da indústria aeronáutica. Outros polos importantes da agropecuária, como Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul têm se tornado alvo dos fabricantes e revendedores (confira o quadro). O uso de aeronaves há muito tempo deixou de ser um hobby na mão de milionários e cada vez mais vem se transformando numa ferramenta de mobilidade e gestão. Com elas, empreendedores que residem em localidades distantes de suas propriedades podem economizar dias de viagens por estradas nem sempre seguras. Maurílio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa, de Ribeirão Preto (SP), por exemplo, não abre mão delas. Para controlar a holding, que tem sob seu guarda-chuva investimentos no campo e no setor imobiliário, Biagi Filho dispõe de um avião e de um helicóptero. “As aeronaves sempre fizeram parte da minha rotina”, diz Biagi Filho, de 72 anos. “Sem eles, organizar e cumprir a agenda seria complicado.”

De olho nesse público, Pereira, que já foi vice-presidente do Banco Votorantim, diz que está preparando sua empresa para ser líder na aviação geral no Brasil, no segmento dos   aviões executivos para até quatro passageiros (a Embraer, maior fabricante nacional do setor, não cobre essa faixa). Nada menos de 30% das 250 unidades vendidas desde que a Inpaer foi fundada há 13 anos, foram compradas por fazendeiros ou empresas do agronegócio. “Queremos aumentar ainda mais essa participação”, diz Pereira. No País, de acordo com a Associação Brasileira da Aviação Geral (Abag), o setor cresceu 43% entre 2003 e 2013, totalizando 14,6 mil aparelhos, entre aviões e helicópteros. É a segunda maior frota mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. “Além de apostar no crescimento da compra de aviões pelo   agronegócio, também acreditamos na renovação da frota nacional”, diz Pereira. “Ela precisa ser trocada e temos produtos mais competitivos para oferecer ao empresário rural.” Segundo ele, pouco menos de 50% da frota em atividade tem entre 26 e 45 anos de uso.

A ideia do compartilhamento de bens em cotas veio do exterior, principalmente dos Estados Unidos onde é extremamente difundido. No caso de um monomotor, as cotas por aeronave são de 25% . Isso tem atendido bem o mercado. Com o dinheiro economizado, o empresario pode reaplicá-lo em seu próprio negócio, e ainda ter um avião á disposição.